Na escuta clínica contemporânea, é comum receber pacientes que vivem sob o domínio de pensamentos intrusivos, rituais mentais e uma constante vigilância sobre o próprio corpo.
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e a hipocondria são expressões psíquicas que, embora distintas, compartilham um núcleo comum: o desejo de controle frente à angústia. A psicanálise, com sua escuta profunda e não normativa, oferece um espaço privilegiado para compreender esses fenômenos não como doenças isoladas, mas como manifestações do sujeito em sofrimento.
Compreensão Psicanalítica: O Inconsciente em Ação
Na perspectiva psicanalítica, tanto o TOC quanto a hipocondria são formas de neurose obsessiva, onde o sujeito tenta lidar com desejos inconscientes por meio de defesas rígidas.
O sintoma não é um erro, mas uma solução psíquica frente a um conflito interno.
- TOC: O sujeito é invadido por pensamentos obsessivos (ex: medo de contaminação, dúvida constante) e realiza compulsões (ex: lavar as mãos, verificar portas) para aliviar a angústia.
- Hipocondria: O corpo torna-se palco de angústia. Cada dor, mancha ou sensação é interpretada como sinal de doença grave. O sujeito busca exames, médicos e confirmações, mas nunca encontra alívio duradouro.
Ambos os quadros revelam uma fixação no controle, uma tentativa de dominar o indomável: o desejo, a morte, o acaso.
Estatísticas Relevantes
- O TOC afeta cerca de 2% da população mundial, com início geralmente na adolescência ou início da vida adulta.
- A hipocondria, hoje classificada como transtorno de ansiedade por doença, atinge até 5% da população, sendo mais prevalente em adultos entre 30 e 50 anos.
- Estudos indicam que 40% dos pacientes com TOC também apresentam sintomas hipocondríacos.
Sintomas e Consequências
TOC:
- Pensamentos obsessivos (contaminação, dúvida, culpa)
- Rituais compulsivos (lavar, contar, verificar)
- Sofrimento intenso e prejuízo funcional
Hipocondria:
- Preocupação excessiva com doenças
- Interpretação catastrófica de sintomas físicos
- Visitas médicas frequentes e exames repetitivos
Consequências comuns:
- Isolamento social
- Dificuldades profissionais
- Relações afetivas comprometidas
- Dependência de medicamentos ou exames
- Angústia crônica e sensação de impotência
Resistência em Procurar Ajuda
A resistência é parte do sintoma. Muitos pacientes acreditam que “não é psicológico”, especialmente os hipocondríacos, que buscam respostas no corpo e não na mente. Outros têm vergonha de seus rituais ou medo de serem rotulados como “loucos”. A escuta psicanalítica, livre de julgamento, é essencial para romper essa barreira.
Exemplos Clínicos (com nomes fictícios)
- Carlos, 38 anos, lavava as mãos mais de 50 vezes por dia. Sentia que, se não o fizesse, algo terrível aconteceria com sua família. Na análise, emergiu uma culpa inconsciente ligada à morte do pai, ocorrida em sua infância.
- Luciana, 45 anos, já havia feito mais de 30 exames cardíacos. Sentia palpitações e acreditava que morreria a qualquer momento. A análise revelou um medo profundo de abandono e uma história de perdas não elaboradas.
Principais Motivos da Resistência
- Medo de enfrentar o próprio sofrimento
A psicoterapia convida o paciente a olhar para dentro. Isso pode significar revisitar traumas, perdas, conflitos familiares ou verdades difíceis. Muitos temem “abrir feridas” que acreditam estar cicatrizadas.
- Estigma social
Ainda existe a ideia equivocada de que “quem faz terapia é louco” ou “não consegue resolver seus próprios problemas”. Esse preconceito leva muitos a esconder que fazem terapia ou a evitar o primeiro contato.
- Zona de conforto emocional
Mesmo que a situação atual seja dolorosa, ela é conhecida. O desconhecido — inclusive o autoconhecimento — pode gerar ansiedade. É mais fácil manter o sofrimento do que arriscar a mudança.
Falta de informação sobre o processo terapêutico
Algumas pessoas acreditam que o psicólogo vai “dar conselhos” ou que a terapia precisa trazer resultados imediatos. Não compreendem que o processo é gradual, simbólico e exige envolvimento ativo.
Medo da vulnerabilidade
Falar sobre si, admitir fragilidades, expor sentimentos — tudo isso exige coragem. Vivemos em uma cultura que valoriza a autossuficiência, o que torna difícil reconhecer que precisamos de ajuda.
Barreiras financeiras e de acesso
O custo da terapia, a falta de cobertura por planos de saúde ou a escassez de profissionais em regiões afastadas também são obstáculos reais.
Na visão psicanalítica
A resistência é parte do processo. Freud já dizia que ela é uma defesa do ego contra o inconsciente. Ou seja, o sujeito resiste porque algo dentro dele teme o que pode ser revelado. A escuta clínica não combate a resistência — ela acolhe, interpreta e respeita o tempo do paciente.
Como superar essa resistência
- Psicoeducação: Informar sobre o que é terapia e como funciona ajuda a desmistificar o processo.
- Espaço seguro: Um ambiente ético, acolhedor e sem julgamento é essencial para que o paciente se sinta à vontade.
- Validação emocional: Mostrar que o sofrimento é legítimo e que pedir ajuda é um ato de coragem.
- Flexibilidade de atendimento: Oferecer opções online, horários acessíveis e valores sociais pode facilitar o início.
Tratamento Psicanalítico e Abordagens Complementares
A psicanálise não busca eliminar o sintoma de forma imediata, mas compreendê-lo e ressignificá-lo. O tratamento envolve:
- Sessões regulares de escuta clínica
- Interpretação dos sonhos, atos falhos e repetições
- Construção de sentido para o sofrimento
- Redução da angústia pela via simbólica
Em alguns casos, é indicado o acompanhamento psiquiátrico para uso de medicação ansiolítica ou antidepressiva, especialmente quando há sofrimento intenso ou risco de automutilação.
Avaliação e Encaminhamento
A avaliação inicial pode incluir:
- Entrevista clínica aprofundada
- Avaliação neuropsicológica (quando há dúvidas diagnósticas ou comorbidades)
- Encaminhamento para psiquiatra, se necessário
A psicanalista Marina Almeida realiza atendimentos presenciais em São Vicente – SP e online para todo o Brasil, com foco em escuta clínica de adultos com TOC, hipocondria e outras neuroses contemporâneas.
O Sintoma como Mensageiro
O TOC e a hipocondria não são apenas transtornos — são formas de o sujeito dizer algo que não consegue simbolizar. O tratamento psicanalítico não silencia o sintoma, mas o escuta, o interpreta e o transforma. Quando o paciente encontra um espaço onde pode falar sem medo, o sintoma começa a perder sua função de defesa e o sujeito pode, enfim, viver com mais liberdade.
Se você ou alguém próximo vive esse tipo de sofrimento, não hesite em buscar ajuda. O cuidado começa com a escuta.
Se você ou alguém que conhece precisa de suporte, a psicóloga Marina da Silveira Rodrigues Almeida está disponível para atendimentos de psicoterapia online em plataforma de Telessaúde segura e criptografada. O primeiro passo para a recuperação é buscar ajuda especializada.
Entre em contato comigo por mensagem no WhatsApp (55) 13 991773793 e agende uma consulta online.
Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029
Psicóloga Clínica, Escolar e Neuropsicóloga, Especialista em pessoas adultas Autistas (TEA), TDAH, Neurotípicos e Neurodiversos.
Psicanalista Psicodinâmica e Terapeuta Cognitiva Comportamental
Entre em contato comigo somente por mensagem no WhatsApp (+55) 13 991773793 que minha secretária enviará as informações que precisar sobre Psicoterapia on-line, Mentoria, Palestras e Consultoria.
Instagram:
@institutoinclusaobrasil
@psicologamarinaalmeida
@autismoemadultos_br