Este artigo analisa as psicopatologias contemporâneas associadas ao sentimento de vazio existencial, à fragmentação da identidade e à busca compulsiva por validação externa.
A partir da psicanálise psicodinâmica contemporânea, são discutidos os impactos da hiperconectividade, dos relacionamentos líquidos, do sexo virtual, do uso excessivo de redes sociais, cirurgias plásticas e suplementos estéticos, além da vulnerabilidade emocional que favorece golpes e estelionatos digitais.
São apresentadas intervenções terapêuticas e a importância da psicoterapia como espaço de reconstrução subjetiva.
Introdução
A subjetividade contemporânea está imersa em um cenário de excesso: excesso de informação, de exposição, de consumo simbólico e de exigência de performance.
Paradoxalmente, esse excesso convive com um profundo vazio emocional, que se manifesta em psicopatologias como depressão, ansiedade, transtornos dissociativos e comportamentos compulsivos.
A psicanálise contemporânea compreende esse fenômeno como resultado da fragilidade dos vínculos, da perda de referências simbólicas e da dificuldade de elaboração do sofrimento.
Relacionamentos Líquidos e Vínculos Fragilizados
Zygmunt Bauman define os relacionamentos líquidos como vínculos frágeis, descartáveis e marcados pela superficialidade.
Na era dos aplicativos de relacionamento, o sujeito é reduzido a uma imagem, a um perfil, a uma promessa de prazer imediato. A lógica do “match” substitui o encontro real, e o desejo é capturado pela fantasia da disponibilidade infinita.
Consequências clínicas:
- Dificuldade de construção de intimidade.
- Medo de rejeição e abandono.
- Idealização do parceiro e frustração recorrente.
- Sensação de vazio após encontros fugazes.
Sexo Virtual e Dissociação do Corpo
O sexo virtual, embora possa ser uma forma legítima de expressão, tem se tornado uma prática compulsiva para muitos sujeitos que evitam o contato físico e emocional. A dissociação entre corpo e desejo gera uma experiência fragmentada, onde o prazer é desvinculado da afetividade.
Impactos psíquicos:
- Redução da capacidade de vinculação.
- Despersonalização do corpo.
- Aumento da solidão e da compulsão masturbatória.
- Dificuldade de vivência da sexualidade em contextos reais.
Estelionato Virtual e Vulnerabilidades Emocionais
O aumento de golpes digitais, especialmente em aplicativos de relacionamento e redes sociais, revela uma vulnerabilidade emocional profunda. Muitos sujeitos, em busca de afeto e pertencimento, tornam-se alvos fáceis de manipulação.
Fatores de risco:
- Carência afetiva.
- Idealização do outro.
- Negação da realidade.
- Baixa autoestima e isolamento social.
Cirurgias Plásticas e Suplementos Estéticos: O Corpo como Produto
A superexposição de corpos idealizados nas redes sociais tem gerado uma corrida por procedimentos estéticos e consumo de suplementos divulgados por influenciadores. O corpo passa a ser tratado como objeto de performance, moldado para agradar e pertencer.
Consequências clínicas:
- Transtornos de imagem corporal.
- Ansiedade e compulsão por resultados rápidos.
- Risco de efeitos adversos por uso indiscriminado de substâncias.
- Fragilidade narcísica e dependência da validação externa.
Psicopatologias do Vazio
A psicanálise contemporânea reconhece o vazio como uma experiência psíquica que emerge da ausência de simbolização, da perda de vínculos significativos e da dificuldade de lidar com a falta. Esse vazio pode se manifestar em:
- Depressão existencial.
- Transtornos de personalidade (borderline, narcisista).
- Comportamentos autodestrutivos.
- Ideação suicida.
Intervenções Terapêuticas
A clínica deve ser um espaço de escuta profunda, reconstrução simbólica e promoção de vínculos reais.
Abordagens recomendadas:
- Psicoterapia psicodinâmica: Explora os significados inconscientes do vazio, do desejo e da repetição.
- Terapia cognitivo-comportamental: Trabalha padrões disfuncionais e promove autorregulação emocional.
- Grupos terapêuticos: Favorecem o pertencimento e a troca afetiva.
- Psicoeducação sobre cultura digital: Promove o uso consciente das redes e a crítica aos padrões estéticos impostos.
Considerações Finais
As psicopatologias atuais revelam uma subjetividade em sofrimento, marcada por excesso de estímulos e escassez de vínculos.
A busca por sentido, afeto e autenticidade exige uma escuta clínica sensível, ética e atualizada.
A psicoterapia é um espaço privilegiado para que o sujeito possa elaborar suas dores, reconstruir sua identidade e resgatar sua potência.
Se você ou alguém próximo está enfrentando sentimentos de vazio, compulsões digitais, sofrimento emocional ou dificuldades de vinculação, a psicoterapia pode ser um caminho de cuidado e transformação.
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Referências
[1] Scientific Society. Uso excessivo de redes sociais causa angústia existencial em nativos digitais. Revista Sociedade Científica, 2025. Disponível em: Scientific Society. Acesso em: 11 out. 2025.
[2] DUTRA, D. B.; DIAS, V. C. Redes sociais virtuais e o vazio existencial de jovens contemporâneos. Faculdade Ciências da Vida, 2024. Disponível em: Faculdade Ciências da Vida. Acesso em: 11 out. 2025.
[3] BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
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Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029
Psicóloga Clínica, Escolar e Neuropsicóloga, Especialista em pessoas adultas Autistas (TEA), TDAH, Neurotípicos e Neurodiversos.
Psicanalista Psicodinâmica e Terapeuta Cognitiva Comportamental
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