Este artigo propõe uma análise crítica sobre os impactos da era digital na saúde mental de adultos neurodivergentes.
A partir de uma perspectiva psicanalítica contemporânea e fundamentada em evidências científicas, são discutidos os desafios enfrentados por pessoas com condições como autismo, TDAH e dislexia, bem como os potenciais das tecnologias digitais para inclusão e cuidado.
O texto aborda os efeitos psíquicos da hiperconectividade, os riscos da sobrecarga sensorial e emocional, e propõe caminhos terapêuticos adaptados às singularidades neurodivergentes.
Introdução
A era digital transformou profundamente as formas de comunicação, trabalho e lazer. Para adultos neurodivergentes, pessoas cujo funcionamento neurológico diverge do padrão considerado típico, essas mudanças podem representar tanto oportunidades quanto desafios.
O conceito de neurodiversidade, cunhado por Judy Singer nos anos 1990, propõe uma visão inclusiva das diferenças cognitivas, reconhecendo condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a dislexia como variações naturais do cérebro humano.
No entanto, a sociedade digitalizada impõe exigências que nem sempre respeitam essas singularidades. A pressão por produtividade, a comunicação acelerada e a exposição constante a estímulos visuais e sonoros podem gerar sobrecarga sensorial, esgotamento emocional e intensificação de sintomas psiquiátricos.
Desafios da Era Digital para Adultos Neurodivergentes
- Sobrecarga sensorial e emocional: Ambientes digitais são ricos em estímulos simultâneos — notificações, sons, imagens em movimento — que podem ser difíceis de processar para pessoas com hipersensibilidade sensorial, comum em autistas e indivíduos com TDAH.
- Pressão por adequação social: A cultura da alta performance e da comunicação imediata pode gerar sentimentos de inadequação, especialmente em adultos que enfrentam dificuldades de organização, foco ou interação social.
- Estigma e invisibilidade: Muitos adultos neurodivergentes não receberam diagnóstico na infância e convivem com sintomas sem nome, o que dificulta o acesso a suporte adequado e reforça o isolamento.
- Risco de comorbidades: Estudos apontam que adultos neurodivergentes têm maior risco de desenvolver ansiedade, depressão e pensamentos suicidas, especialmente quando enfrentam ambientes hostis ou pouco compreensivos.
Potenciais das Tecnologias Digitais para o Cuidado e a Inclusão
Apesar dos desafios, a era digital também oferece recursos valiosos para adultos neurodivergentes:
- Ferramentas de organização e foco: Aplicativos de agenda, lembretes e gerenciamento de tarefas podem auxiliar pessoas com TDAH a estruturar rotinas e reduzir a procrastinação.
- Comunicação alternativa: Para autistas com dificuldades de linguagem verbal, plataformas digitais podem facilitar a expressão por meio de texto, imagens ou símbolos.
- Grupos de apoio online: Comunidades virtuais oferecem espaços de acolhimento, troca de experiências e construção de identidade neurodiversa.
- Terapias digitais: A psicoterapia online tem se mostrado eficaz e acessível, especialmente para pessoas que enfrentam barreiras geográficas ou sensoriais.
Cuidados Clínicos e Abordagens Terapêuticas
O cuidado com adultos neurodivergentes na era digital exige sensibilidade, escuta ativa e adaptação das práticas clínicas. Algumas diretrizes incluem:
- Avaliação personalizada: Considerar o histórico de vida, os traços neurodivergentes e os impactos do ambiente digital na saúde mental.
- Psicoterapia psicanalítica contemporânea: Favorece a elaboração simbólica das experiências, o fortalecimento do eu e a construção de narrativas que respeitem a singularidade do sujeito.
- Intervenções integrativas: Combinar técnicas comportamentais, psicoeducação e recursos digitais pode ser eficaz, especialmente em casos de TDAH.
- Promoção do autocuidado digital: Estimular práticas como pausas tecnológicas, limites de uso e escolha consciente dos conteúdos.
Considerações Finais
A neurodiversidade desafia os modelos tradicionais de saúde mental e convida à construção de práticas mais inclusivas, adaptadas e compassivas.
Na era digital, é fundamental reconhecer tanto os riscos quanto os potenciais das tecnologias para adultos neurodivergentes.
O papel do profissional de saúde mental é oferecer suporte que respeite as diferenças, promova o bem-estar e fortaleça a autonomia dos sujeitos.
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Referências
[1] BARBOSA, E. Como a Neurodiversidade Redefine o Cuidado com a Saúde Mental. Universo Neurodiverso, 12 dez. 2024. Disponível em: https://universo-neurodiverso.com/2024/12/12/como-a-neurodiversidade-redefine-o-cuidado-com-a-saude-mental/. Acesso em: 11 out. 2025.
[2] POSSMOSER, T. Cuidado emocional é fundamental para neurodivergentes. Estado de Minas, 10 out. 2025. Disponível em: https://www.em.com.br/saude/2025/10/7267721-cuidado-emocional-e-fundamental-para-neurodivergentes.html. Acesso em: 11 out. 2025.
[3] O DOUTOR. Saúde Mental na Era Digital: Desafios e Soluções. Blog O Doutor, 18 abr. 2024. Disponível em: https://odoutor.com.br/saude-mental-digital/. Acesso em: 11 out. 2025.
Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029
Psicóloga Clínica, Escolar e Neuropsicóloga, Especialista em pessoas adultas Autistas (TEA), TDAH, Neurotípicos e Neurodiversos.
Psicanalista Psicodinâmica e Terapeuta Cognitiva Comportamental
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