ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS PARA ADULTOS COM TDAH E AUTISMO EM AMBIENTES DIGITAIS

Este artigo aprofunda as estratégias terapêuticas voltadas para adultos neurodivergentes — especialmente aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) — que vivem imersos em ambientes digitais.

A partir de uma abordagem psicanalítica contemporânea e integrativa, são discutidas intervenções clínicas adaptadas às demandas da era digital, com foco na promoção da autonomia, regulação emocional e construção de vínculos significativos.

Introdução

A vida adulta impõe desafios complexos para pessoas neurodivergentes, que muitas vezes enfrentam dificuldades de organização, comunicação, regulação emocional e adaptação social.

A era digital, com suas exigências de conectividade constante, produtividade acelerada e exposição pública, pode intensificar esses desafios. Por outro lado, oferece ferramentas que, quando bem utilizadas, podem favorecer o cuidado, a inclusão e o bem-estar.

A prática clínica com adultos neurodivergentes requer escuta qualificada, compreensão das especificidades neurológicas e adaptação das estratégias terapêuticas às realidades digitais.

Este artigo propõe caminhos para uma atuação ética, eficaz e sensível às singularidades desses sujeitos.

TDAH em Ambientes Digitais: Desafios e Intervenções

Adultos com TDAH frequentemente enfrentam dificuldades de atenção sustentada, impulsividade, desorganização e procrastinação. Em ambientes digitais, esses sintomas podem ser exacerbados pela multiplicidade de estímulos e pela ausência de estrutura física.

Desafios comuns:

  • Dificuldade de concentração em tarefas longas ou complexas.
  • Tendência à dispersão por notificações, redes sociais e múltiplas abas.
  • Sensação de sobrecarga mental e fadiga cognitiva.
  • Procrastinação digital e baixa produtividade.

Estratégias terapêuticas:

  • Psicoeducação: Explicar o funcionamento do TDAH e os impactos da era digital ajuda o paciente a compreender seus padrões e desenvolver estratégias de enfrentamento.
  • Técnicas de organização: Uso de aplicativos de tarefas, cronômetros e agendas digitais para estruturar o dia e reduzir a procrastinação.
  • Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Trabalhar crenças disfuncionais, desenvolver habilidades de autorregulação e promover mudanças comportamentais.
  • Psicanálise contemporânea: Explorar os significados inconscientes da dispersão, da autoexigência e da relação com o tempo e o desejo.

Autismo na Vida Adulta Digital: Potenciais e Cuidados

Adultos autistas apresentam perfis diversos, mas muitos compartilham características como rigidez cognitiva, hipersensibilidade sensorial, dificuldades de comunicação social e interesses específicos. A era digital pode ser tanto um refúgio quanto uma fonte de estresse.

Potenciais das tecnologias:

  • Comunicação mediada por texto, que reduz a carga emocional da interação face a face.
  • Ambientes virtuais que respeitam o ritmo e os interesses do sujeito.
  • Plataformas de trabalho remoto que oferecem maior previsibilidade e controle.

Cuidados clínicos:

  • Ambiente terapêutico adaptado: Evitar sobrecarga sensorial, respeitar pausas e utilizar recursos visuais quando necessário.
  • Validação da singularidade: Reconhecer os interesses específicos como potenciais de desenvolvimento e expressão subjetiva.
  • Trabalho com a linguagem: A psicanálise pode favorecer a construção de narrativas que ampliem o repertório simbólico e promovam a elaboração emocional.
  • Grupos terapêuticos online: Espaços seguros para troca entre pares, com mediação profissional, podem fortalecer o senso de pertencimento.

A Clínica na Era Digital: Ética, Escuta e Flexibilidade

A atuação clínica com adultos neurodivergentes em ambientes digitais exige:

  • Flexibilidade de formatos: Sessões online, uso de chats terapêuticos, envio de materiais complementares.
  • Ética e privacidade: Garantir sigilo, segurança de dados e respeito às limitações tecnológicas do paciente.
  • Escuta ampliada: Compreender os modos de expressão não verbais, os silêncios e os movimentos subjetivos que se manifestam digitalmente.
  • Atenção ao contexto social: Considerar os impactos da exclusão, do capacitismo e da invisibilidade na construção da subjetividade.

Considerações Finais

A clínica com adultos neurodivergentes na era digital é um campo fértil de inovação, cuidado e transformação.

Ao reconhecer os desafios e potenciais das tecnologias, os profissionais de saúde mental podem construir intervenções mais eficazes, respeitosas e inclusivas.

A escuta psicanalítica, aliada a estratégias integrativas, permite acolher a singularidade de cada sujeito e promover caminhos de autonomia, pertencimento e bem-estar.

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Referências

[1] SILVA, A. C.; LIMA, R. M. Neurodiversidade e práticas clínicas: desafios contemporâneos. Revista Brasileira de Psicologia, v. 12, n. 2, 2024.

[2] GONÇALVES, F. TDAH na vida adulta: estratégias de enfrentamento e cuidado. Revista Psicologia & Saúde, v. 18, n. 1, 2025.

[3] SINGER, J. Neurodiversity: The Birth of an Idea. Sydney: Judy Singer, 1999.

[4] CUNHA, M. A clínica psicanalítica com sujeitos neurodivergentes. Revista Pulsão, v. 7, n. 1, 2023.

Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029

Psicóloga Clínica, Escolar e Neuropsicóloga, Especialista em pessoas adultas Autistas (TEA), TDAH, Neurotípicos e Neurodiversos.

Psicanalista Psicodinâmica e Terapeuta Cognitiva Comportamental

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