CAPACITISMO E SAÚDE MENTAL EM ADULTOS NEURODIVERGENTES: IMPACTOS PSÍQUICOS E CAMINHOS CLÍNICOS

Este artigo analisa os efeitos do capacitismo, forma de discriminação contra pessoas com deficiência, na saúde mental de adultos neurodivergentes.

A partir de uma abordagem psicodinâmica contemporânea, são discutidas as manifestações explícitas e veladas do preconceito, seus impactos psíquicos e as estratégias terapêuticas que favorecem a reconstrução subjetiva e o fortalecimento da autoestima.

Introdução

O termo “capacitismo” refere-se à crença de que pessoas com deficiência ou funcionamento neurológico atípico são inferiores ou menos capazes. Essa forma de discriminação pode se manifestar de maneira explícita, como exclusão de oportunidades ou velada, por meio de microagressões e estigmas sutis.

Para adultos neurodivergentes, como autistas e pessoas com TDAH, o capacitismo representa uma barreira invisível que compromete o bem-estar emocional, a autoestima e o desenvolvimento profissional.

Apesar dos avanços legais, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), a realidade vivida por muitos adultos neurodivergentes revela um descompasso entre o reconhecimento jurídico e a aceitação social.

Capacitismo Velado e Seus Efeitos Psíquicos

O capacitismo velado é especialmente prejudicial por sua natureza dissimulada. Comentários como “nem parece que tem deficiência” ou “você só está aqui por causa da cota” são exemplos de agressões simbólicas que desvalorizam a identidade neurodivergente.

Principais efeitos psíquicos:

  • Capacitismo: A internalização do preconceito leva o sujeito a negar suas necessidades, camuflar traços e se cobrar padrões inalcançáveis. Isso pode levar à baixa autoestima e à dificuldade de reconhecer o próprio potencial.
  • Colapso emocional: Muitos adultos autistas, especialmente os diagnosticados tardiamente, relatam episódios de esgotamento extremo após anos de camuflagem social.
  • Ansiedade e depressão: A exclusão simbólica e a constante vigilância emocional geram sofrimento psíquico profundo, que pode evoluir para quadros clínicos graves.
  • Subestimação e exclusão: Acreditar que pessoas com deficiência são menos capazes ou inferiores, o que pode levar a autodepreciação. 
  • Generalização de incapacidades: A ideia de que a deficiência define a pessoa como um todo, ignorando suas outras habilidades e individualidades potencialmente positivas. 
  • Supervalorização: Tratar a realização de tarefas cotidianas como se fosse um feito extraordinário, em vez de reconhecer a humanidade das pessoas e suas ações. 
  • Linguagem capacitista: Usar expressões que desvalorizam a deficiência, como “fingir demência” ou “mais perdido que cego em tiroteio”. 
  • Buscando aprovação: A necessidade de provar constantemente a própria capacidade, vivendo sob a pressão de atender a expectativas sociais. 

Consequências da internalização capacitista

  • Impacto na saúde mental: Pode levar à timidez excessiva, dificuldade em se impor e outros problemas psicológicos.
  • Baixa autoestima: A crença na própria incapacidade, imposta pela sociedade, pode minar a autoconfiança.
  • Redução de oportunidades: O sentimento de não ser capaz pode impedir a busca por novas oportunidades no trabalho ou em outras áreas da vida. 

Combate ao capacitismo internalizado 

  • Busca por ajuda profissional: 

Psicólogos e psiquiatras especialistas em pessoas neurodiversas podem ajudar a lidar com os traumas e impactos emocionais do capacitismo internalizado. 

  • Autoconsciência: 

Reconhecer e questionar os próprios pensamentos e crenças capacitistas é o primeiro passo para desconstruí-los. 

  • Busca por comunidades de apoio: 

Conectar-se com outras pessoas com deficiência pode ajudar a fortalecer a autoestima e a construir uma rede de apoio. 

  • Luta anti-capacitista: 

Participar de discussões e ações para combater o capacitismo na sociedade pode trazer um senso de pertencimento e força. 

A Clínica como Espaço de Reconstrução

A escuta clínica deve ser um espaço de acolhimento e reconstrução simbólica. A abordagem psicodinâmica contemporânea permite compreender os efeitos inconscientes do capacitismo e promover a elaboração emocional.

Diretrizes terapêuticas:

  • Validação da identidade neurodivergente: Reconhecer os traços como legítimos e valiosos é essencial para fortalecer a autoestima.
  • Psicoeducação: Informar o paciente sobre o funcionamento neurodivergente e os impactos do capacitismo ajuda a desconstruir crenças autodepreciativas.
  • Grupos terapêuticos: Espaços de escuta coletiva promovem o pertencimento e a troca de estratégias de enfrentamento.

Considerações Finais

O enfrentamento do capacitismo exige ações clínicas, sociais e políticas. A clínica deve ser um espaço de escuta ética, onde o sujeito possa elaborar suas vivências e resgatar sua potência.

A inclusão real começa pelo reconhecimento da diferença como valor e pela promoção de ambientes que respeitem a diversidade neurológica.

Se você ou alguém que conhece precisa de suporte, a Psicóloga Marina da Silveira Rodrigues Almeida está disponível para atendimentos de psicoterapia online em plataforma de Telessaúde segura e criptografada. O primeiro passo para a recuperação é buscar ajuda especializada.

Entre em contato comigo por mensagem no WhatsApp (55) 13 991773793 e agende uma consulta online.

Referências

[1] BENI, P. F. et al. O reconhecimento e definição do capacitismo velado no paradigma da neurodiversidade. SciELO Preprints, 2025. Disponível em: SciELO. Acesso em: 11 out. 2025.

[2] IGNARRA, C. O impacto do capacitismo na saúde mental dos profissionais com deficiência. Meio & Mensagem, 2025. Disponível em: Meio & Mensagem. Acesso em: 11 out. 2025.

[3] DIÁRIO PCD. Pesquisa revela que 84% dos profissionais com deficiência tiveram saúde mental abalada por capacitismo. Diário PcD, 2025. Disponível em: Diário PcD. Acesso em: 11 out. 2025.

Marina da Silveira Rodrigues Almeida – CRP 06/41029

Psicóloga Clínica, Escolar e Neuropsicóloga, Especialista em pessoas adultas Autistas (TEA), TDAH, Neurotípicos e Neurodiversos.

Psicanalista Psicodinâmica e Terapeuta Cognitiva Comportamental

Entre em contato comigo somente por mensagem no WhatsApp (+55) 13 991773793 que minha secretária enviará as informações que precisar sobre Psicoterapia on-line, Mentoria, Palestras e Consultoria.

Instagram:

@institutoinclusaobrasil

@psicologamarinaalmeida

@autismoemadultos_br

Compartilhe o post!

WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *